Um quarto dos brasileiros sofre de pressão alta; saiba mais sobre a doença

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13 de maio de 2017

Um quarto dos brasileiros sofre de pressão alta; saiba mais sobre a doença

Silenciosa, a pressão alta é uma doença perigosa e que vem crescendo entre os brasileiros. De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde em 2012, 24,3% da população têm hipertensão arterial, contra 22,5% em 2006, ano em que foi realizado o primeiro estudo.

Foram entrevistadas 45.448 pessoas em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Como é um problema de saúde grave, mas ao mesmo tempo muito comum, foi criada uma data para lembrá-lo: 26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

É importante frisar que um dos principais fatores de risco para a hipertensão é a hereditariedade. Quem tem pai ou mãe com a doença, tem 30% mais chances de vir a ter pressão alta. Se os dois genitores têm o mal, esse percentual bate na casa dos 50%. “E mesmo quando um avô ou tio possui a doença, existe o risco maior de desenvolvê-la”, fala o cardiologista Nabil Ghorayeb, chefe da seção médica de Cardiologia do Exercício e do Esporte do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo, e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Apesar do forte componente genético, há muitas outras causas que podem colaborar para o desenvolvimento da doença, como os maus hábitos de vida. Fumar, beber, não praticar atividades físicas, estar acima do peso, se alimentar mal e viver estressado – equação comum no cotidiano de muitas pessoas atualmente – colaboram para que o mal atinja cada vez mais pessoas no Brasil e no mundo, com ou sem histórico familiar da doença.

O risco de pressão alta também aumenta com a idade. Segundo a pesquisa Vigitel 2012, 3,8% dos entrevistados entre 18 e 24 anos disseram possuir a doença, enquanto esse percentual sobe para 59,2% entre os com mais de 65 anos. Ela também aparece com mais frequência entre os portadores de diabetes e em quem possui fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como colesterol elevado.

Quem tem um ou mais desses fatores de risco deve medir sua pressão pelo uma vez ao ano. Já se a pessoa que tem histórico familiar da doença, recomenda-se medir ao menos duas vezes por ano.

Sal em excesso

Outro grande vilão, bastante presente no prato do brasileiro, é o sal. Isso porque, por um processo chamado osmose, ele aumenta a retenção de água pelo organismo, o que pode elevar a pressão nas paredes das artérias. Além disso, o sódio contido no sal pode causar o estreitamento dos vasos sanguíneos ao inibir a ação do óxido nítrico, que é uma substância dilatadora.

Como a pressão arterial nada mais é a que pressão exercida pelo sangue na parede das artérias, o calibre e a flexibilidade dos vasos sanguíneos estão diretamente ligados à hipertensão.

“O consumo excessivo de sal é um dos grandes vilões. Uma alimentação rica em sódio (sal) aumenta a chance de uma pessoa se tornar hipertensa, assim como dificulta o tratamento das pessoas previamente hipertensas”, explica o cardiologista Antonio Carlos Bacelar Nunes Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “Por isso, é recomendado aos que possuem a doença reduzir o consumo para, no máximo, 5 gramas por dia (equivalentes a 2 gramas de sódio)”, continua o médico.

Para entender melhor o mecanismo, é preciso entender o funcionamento do coração. O órgão trabalha em dois tempos: se contrai e adota força máxima para expulsar o sangue (processo chamado de sístole) e, logo em seguida, relaxa e adota força mínima (processo chamado de diástole). A pressão sobe quando há um descompasso entre esses dois processos, causado pela maior resistência oferecida pelas artérias para a passagem do sangue. “É como se você diminuísse o bico de uma mangueira: a água – no caso, o sangue – acaba saindo com mais pressão”, exemplifica Ghorayeb.

Apesar de todo o potencial negativo do sal para a pressão, Ghorayeb destaca que ele é importante para o funcionamento do corpo e não deve ser totalmente eliminado da alimentação. “Ele é necessário para a vida. Se uma pessoa tiver pouco sal no sangue, pode ter hiponatremia, transtorno gravíssimo que provoca confusão mental e até derrame. Por isso que os atletas tomam isotônicos, para repor o sódio do organismo perdido pelo suor”, explica o cardiologista.

Ele conta ainda que a digestão do sal começa já na língua, nas papilas gustativas. “Elas se fecham como se fossem vasos para não entrar tanto sal no organismo. Por isso, quando a pessoa tenta diminuir o consumo, ela sente como se a comida não tivesse gosto e volta a colocar sal no prato. É preciso aguardar um mês para que as papilas voltem ao estado normal e o indivíduo sinta novamente o sabor dos alimentos”, conta.

Outro erro grave, segundo Ghorayeb, é comer sal para aumentar a pressão, que tende a cair nos dias mais quentes. “No verão, a pessoa que toma remédio para baixar a pressão pode ter uma queda da mesma, pois o calor extremo provoca a dilatação dos vasos sanguíneos. Comer sal pode gerar um pico de alta de pressão”, diz. A dica, aqui, é se alimentar normalmente, tomar líquidos e permanecer em local fresco até se sentir melhor.

Hipertensos ou não, é importante também evitar choques térmicos, como fazer sauna e tomar uma ducha gelada, ou mesmo sair do sol escaldante e entrar em uma piscina ou mar de águas frias. “Isso pode gerar uma crise de pressão alta em qualquer pessoa, mas em especial em que já é hipertenso, pois há uma contração dos vasos pela mudança brusca de temperatura”, aponta.

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