Muitos brasileiros acham que a tuberculose — uma doença infecciosa que, entre outras áreas do corpo, ataca os pulmões — é um problema exclusivo de pessoas miseráveis, em situação de rua ou mesmo presidiários. Mas aí é que se enganam. Há cerca de quatro anos, atendendo um paciente com diabetes, eu levei um susto.
O paciente era saudável, tinha um quadro controlado e não apresentava nenhuma sequela ou complicação do problema. Só que estava com uma tosse seca que demorava para melhorar. Não estava emagrecendo, nem tinha febre, tampouco havia perdido o apetite. Ainda fazia musculação e corria. Enfim, um sujeito em ótimo estado.
Mas havia essa tosse persistente. E, em função dela e da insistência do paciente, solicitei uma radiografia do tórax. E aí veio o resultado. Bingo! Tuberculose.
Intrigado, corri à procura de artigos científicos e novos dados sobre a prevalência da doença e constatei, então, que vivenciamos uma epidemia dupla, marcada pela conexão entre diabetes e tuberculose.
Ora, temos 12,5 milhões de diabéticos no Brasil, o que nos coloca como a quarta nação no mundo em número de portadores da doença . E, em 2017, nosso país registrou mais de 80 mil casos de tuberculose. Nesse mesmo ano, tivemos 5,1 mil mortes em decorrência da enfermidade.
A tuberculose é um mal sorrateiro provocado por uma bactéria. É adquirida pela inalação dos bacilos. Diante de um sistema imune menos competente, o micro-organismo se prolifera e gera a doença, que pode ser letal em alguns casos. O risco de um indivíduo com diabetes pegar essa infecção existe mesmo ele tendo recebido a vacina BCG, aquela aplicada em recém-nascidos e que gera uma cicatriz para a vida toda, lá na infância.
Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento correto são peças-chave na história. Pessoas com diabetes que apresentam tosse por mais de três semanas sem causa definida devem ser investigadas quanto ao bacilo. Outros sintomas para ficar de olho: febre leve recorrente na parte da tarde, emagrecimento, fraqueza e desânimo.